Maldade de quem?
Onde está a maldade? Ela está naquilo que se vê ou na mente de quem a identifica? Muitas vezes se identifica o que não se vê.
Bom, vamos te fazer entender melhor. Inúmeras expedições europeias chegaram ao território que viria a se tornar a América.
Os portugueses por exemplo, ao desembarcarem de suas naus na praia do litoral das terras que viria a ser o Brasil, encontraram os guaranis.
Os primeiros contatos entre os lusos e os originários foi amistosa, carregados de trocas de presentes. Uma cordialidade marcada pelos rituais de boas-vindas, tão típicos a cada civilização.
Quem deseja clama inocência.
As mulheres indígenas passaram a ser objeto de desejo dos portugueses. Elas, nuas, despertavam nos navegadores europeus o desejo. E, as oportunidades de se apropriar do corpo das nativas foi uma marca da dominação portuguesa nas terras.
Desta condição, a miscigenação se fez, parte do povo brasileiro nasceu.
Mas, a mulher indígena foi tida como um objeto de uso dos dominadores. Da mesma forma, a mulher afro. Explorada e violentada, as mulheres tiveram que se submeter a vontade do colonizador.
Chama de pecado o que lhe serviu de prazer.
Porém, este mesmo cristão europeu que dava referência a sua fé, culpou as mulheres indígena e afro como seres de pecado que levaram os “bons homens” ao mau caminho. Elas seriam as culpadas por terem o corpo sedutor do pecado.
Quantas obras e diários de bordo tratam o corpo nu da mulher colonial como a morada do mal.
Porém, este corpo por si não praticou a maldade antes da chegada do europeu, aquele que trazia na mente a intenção do desejo ao considerar que o corpo da mulher era uma maldição. Não porque isso era fato, mas porque repousava na cabeça do colonizador a maldade e a má intenção.
Quantas vezes a maldade está dentro de nós e não naquilo que a gente vê, ouve ou convive? O quanto desta sedução pecaminosa são as nossas intenções que tentamos conter ou negar culpando o outro?