Quando o problema é instabilidade não adianta tentar colocar a culpa em outra coisa. A inflação no país tem uma relação direta com os custos dos insumos importados de produção. O dólar está nos aniquilando aos poucos e isso cobra seu preço diariamente. A alta do petróleo se sustenta nesta condição predominantemente.
Enquanto o dólar não cair não haverá melhoria no preço dos combustíveis e o processo inflacionário irá continuar pressionando a vida dos brasileiros. Por isso, esta história de ajuda emergencial vai ser corroída pela redução do poder de consumo da moeda nacional. Aquece, mas não esquenta. Movimenta a economia, mas não consegue nos tirar da atrofia.
Ou geramos estabilidade no ambiente político para atrair investimentos ou teremos problemas. O setor o industrial já demonstra uma queda na confiança. Não é o único. O Natal, período mais importante para o varejo e que pode ser a superação definitiva dos prejuízos acumulados pela pandemia já gera precaução. Valerá investir em estoques se o consumo não atingir as expectativas esperadas?
Reformas são necessárias, reduzir a tributação é desejo antigo. Precisa ser feita. Hoje temos um imposto de renda injusto, tributação trabalhista excessiva e ICMS que pesa no valor de produtos vitais para a maioria dos brasileiros. Fora isso, uma população desqualificada que não consegue ingressar no mercado de trabalho. Ensino técnico tem que ser prioridade para as pessoas e para o governo.
A receita é antiga, a solução conhecida, mas não se realiza. O motivo para isso são os ganhos que a casta política tem com as permanências. A tributação elevada, o custo do Estado, colabora para manter o Estado como investidor vital para o sucesso e insucesso neste país. Não é a competência produtiva que define o ganhador, mas aqueles que conseguem burlar as regras tendo no poder público um fiador constante e um facilitador para seus apadrinhados.
Se observamos a história deste país fica fácil de entender. Desde sua origem, o Estado sempre foi um elemento vital para o sucesso e fracasso de setores econômicos. O apadrinhamento facilitou que o desenvolvimento fosse localizado nas regiões de predomínio de uma aristocracia agrária e posteriormente urbana.
Nascidos das concessões do poder instituído, muitos empresários constituíram riqueza ao longo da história. Não por acaso, a hereditariedade é característica na política e no mando econômico nas regiões tradicionais brasileiras. O coronelismo que denominou o poder dos grandes proprietários de terra e gerou uma permanência familiar no poder é realidade em diversas localidades do país.
O poder tem dono? Sim. E os que continuam mandando não foram constituídos de um incentivo privado. Não foram empresários que se fizeram pelo esforço e eficiência dos seus negócios. O sucesso é resultado do apadrinhamento que transformou o bem público em privado e o governo uma extensão dos interesses de quem governa.
Velhos problemas e capítulos novos de uma história que se repete. Interpretada por diferentes personagens, mas que seguem sempre o mesmo roteiro. Nenhuma novidade, apenas seguimos o caminho previsível e favorável as pessoas de sempre.