Não vamos nos aposentar como nossos pais
Imagem ilustrativa Pixabay/Domínio Público

Opinão

Não vamos nos aposentar como nossos pais

Por Gilson Aguiar em 06/12/2019 - 10:51

 

Parte dos estados brasileiros estão fazendo uma reforma da previdência de regime próprio. No Paraná não é diferente. A aprovação na Assembleia Legislativa foi marcada por protestos dos servidores públicos. O que não impediu que 43 deputados votassem a favor e nove contra. A vitória dos reformistas demonstra a necessidade do ato. Há um rombo nas contas públicas que está em seis bilhões de reais e deve aumentar se nada for feito.

As manifestações contrárias são possíveis de serem entendidas. Ninguém quer perder benefícios. Também temos que considerar que os que têm mais de quarenta anos faz parte de uma geração que viu seus pais “envelhecerem” mais cedo. Trabalharem muito tempo em uma mesma empresa e terminarem o pouco tempo de suas vidas de pijama ou jogando dominó na praça.

Agora, já fazemos parte de uma geração que viverá mais. Nossos filhos mais ainda. O que fazer com o tempo? Produzir e continuar na ativa profissionalmente é a principal resposta. Temos um longo tempo para nossa carreira profissional. Ela será continuada ou mudada, revista e repensada inúmeras vezes. Não estamos mais na fidelidade profissional como uma virtude. A grande sacada é estar atento às mudanças, ser resiliente. 

Ao nos vermos produtivos por mais tempo, repensamos os que consideramos fundamental. O fim refaz a perspectiva dos meios. Qual o sentido de uma vida extensa. Ainda mais que temos na atualidade uma idolatria a intensidade. O que nos estimulava a viver diariamente já não tem mais a longevidade da busca. O imediato nos seduz mais que os projetos que requerem paciência e ação constante. Logo, ficamos mais ansiosos. Contraditório o desejo de ter agora em uma vida que vai se realizar por um longo tempo.

Mas estamos em transição. As mudanças requer de nós a capacidade de percebê-la e rever conceitos. Há que se ter calma com os impactos que nos dá perceber que não vamos cumprir aquilo que nossos pais cumpriram. Teremos que reescrever nossa trajetória de alguma forma. Isto nos dá insegurança. Porém, temos que romper a resistência. Se apegar ao que não dará resultado é perda de tempo, por mais que teremos muito. A vida é longa, mas se constrói todos os dias.

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