Queremos a democracia, mas a questão é a escolha.
A democracia continua sendo a forma de governo defendida pela maioria dos brasileiros, segundo uma pesquisa do DataFolha, 74%. Contudo, porém, tem aumentado o número de pessoas que consideram uma ditadura aceitável, de 11% para 15%.
Outro dado, segundo a pesquisa, é que após o fim do regime militar e a primeira eleição direta para presidente após 1964, o apoio a democracia nunca baixo de 70%. Ou seja, dois terços dos brasileiros, segundo a pesquisa, apoiam o regime democrático.
Porém, há os meandros culturais da democracia, a forma como ela é exercida. O que significa que os critérios de escolha estão associados aos valores. Não escolhemos só pela racionalidade, pela objetividade lógica. Não elegemos somente porque consideramos que aquele que depositamos o nosso voto é o mais habilitado tecnicamente. Não é isso que determina a escolha.
A cultura do que escolhemos.
Na vida, no dia a dia, nessa nossa relação com as nossas escolhas, estamos sempre desafiados a escolher pela razão, pela emoção, pelo hábito, ou seja, e, pelos nossos valores. Tudo isso junto e misturado leva a opção.
Lembrando que o “sonho de consumo” de quem escolhe é encontrar todas as coisas boas em uma só opção, isso não existe. Na política, impossível. Se encontrar, é demagogia. Se alguém te convencer que é tudo de bom, é carisma letal.
Seja mais consciente de que a perfeição não existe. Prefira a consciência diante das ações políticas. Deve-se fazer isso também com a vida. Não há um ser perfeito e temos que ter lucidez na escolha. O ser consciente de que não há perfeição se decepciona menos com as opções que faz.
Evite as emoções.
O grande problema é o excesso de emoção que envolve o momento da escolha. O sentimento momentâneo que envolve a hora de decidir qual caminho tomar, em quem confiar. Veja, a maioria dos que são escolhidos se utiliza de algo momentâneo para provocar quem escolhe e seduzi-lo a fazer certa opção, induzir a escolha.
A prática de manipulação dá tão certo que isso virá prática comum. Não por acaso, há uma pressão de quem quer se reeleger deputado federal para que o governo libere recursos para aprovar emendas e distribuir benesses nas regiões onde o deputado tem sua base eleitoral.
Da mesma forma, os líderes do executivo que buscam permanecer no poder. Fazem a mesma prática.
Manipulação política é coisa da vida, do dia a dia.
Na vida pessoal não é diferente. Amamos o afago momentâneo com ar de permanente. As juras de amor eterno que não duram. Vivemos deste sentimento imediato de valor aparente que nos encanta. Esta prática, com o tempo, virá um hábito.
Quando a manipulação momentânea está arraigada já é mais fácil organizar a manipulação, sem surpresas. Pelo jeito, é o que vamos assistir de novo, no ano que vem.
Por isso, é muito bom saber que a maioria dos brasileiros apoia a democracia. Ainda que seja com os hábitos e valores culturais que envolve nossas escolhas, nem sempre lógicas e racionais determinantemente.