O mal de idealizar o ser humano
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

O mal de idealizar o ser humano

Por Gilson Aguiar em 16/06/2020 - 09:16

Nossa forma de buscar realizar um desejo, um projeto, um sonho acaba esbarrando no ser humano que nós idealizamos. Sempre consideramos como busca alguém que tem um comportamento adequado e compreende as consequências de seus atos. Aquele que tem dimensão de sua responsabilidade e sabe que tudo o que faz tem consequências. 

Mas estamos falando sempre de alguém ideal. Não é assim que as coisas são. Temos que entender o ser humano na dimensão do que é. Na forma real de sua condução da vida e saber buscar nossos interesses e nos relacionar com quem existe e não com o ser idealizado. E esta imagem que vejo sendo construída na hora em que vamos discutir certas medidas governamentais.

Se levarmos em consideração o ambiente crítico que está se instalando com a pandemia, o quanto algumas cidades tem que retroceder com a abertura do comércio e toma ações de controle e até mesmo fechamento de estabelecimentos, o ser humano real é o principal responsável destas medidas. O mau comportamento faz naufragar a flexibilização.

Enquanto as pessoas não se conscientizarem, se é que isso vai acontecer um dia, do papel determinante que elas têm para o sucesso ou insucesso de medidas de controle da pandemia, nada poderá ser feito com eficiência. Há que se considerar que nosso limite é cultural. Herdamos e aprendemos a construir viabilidades imediatas, onde a nossa vontade mais torpe merece respeito. Acreditamos que os outros devem se submeter aos nossos interesses mais pueris. 

O que estamos vivendo agora em muitas cidades paranaenses é o retrocesso pelo comportamento da parcela da população que não soube agir com responsabilidade sobre as medidas mínimas de distanciamento social e higiene pessoal. 

São estes seres humanos que atrapalham os projetos de superação. Não só nas medidas governamentais, mas para tudo o que temos que lidar no dia a dia. A vida é repleta desta pandemia imbecilizada do interesse medíocre sobre a necessidade coletiva e o valor maior de preservação da vida. 

Infelizmente, quando pensamos em um projeto, temos um plano de ação em torno do bem comum, temos que partir do ser humano real. Se não levarmos em consideração os limites de uma parcela considerável da população, principalmente em entender a dimensão do que vivemos e a responsabilidade de cada um, nossos projetos, por melhor que sejam, tendem ao fracasso.

 

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