Meus caros, o poder embriaga. Ele é apaixonante. Atrai intensamente e trai nosso bom senso pelas sensações que ocasiona. Ter nas mãos o poder de decidir sobre a vida dos outros nos faz transbordar o gosto da existência. Um sentimento que não nos dá a proporção do que realmente somos, apenas nos eleva a uma condição de promover excessos que o sentimento se intensifica e não somos capazes de lidar.
A escolha na busca do caminho mais curto para se ter a força sobre os demais rende tropeços. O que está acontecendo com o ministro de Segurança Pública e ex-juiz Sérgio Moro pode ser exatamente isso. O poder lhe veio, mas pode lhe custar caro. A elevação como personagem público de relevância rende aliados, amigos, admiradores e na mesma proporção inimigos.
Quando chegamos a condição de comando, em qualquer função que exerçamos, a exposição de nossos atos atrai rivalidade. Construímos inimigos. Isto tem um preço. Na primeira distração eles estarão atentos e nos farão sofrer o golpe de sua ira. Há sempre um algoz de plantão à espera da distração para promover a vingança.
Logo, chegar ao poder não é uma tarefa fácil, manter-se é muito mais difícil, complexo. A lógica da permanência em uma liderança exige muito mais do que todo o processo de conquista do comando. O exercício das ações que acabam por afetar até mesmo antigos aliados pode ter um preço elevado e fatal. Quem não sabe lidar com este ambiente peca e cai com a mesma intensidade que subiu.
A questão de Sérgio Moro vai mais longe. Ele virou símbolo do combate a corrupção no país. Personifica a Operação Lava-Jato, a qual, sem ele, não tem a mesma intensidade. Moro dá respaldo a ela continuar. Porém, até onde as denúncias podem arranhar e afundar tudo isso. Se comprovadas, a dor é na mesma proporção que o amor. O herói pode virar bandido e a esperança de combater a corrupção com o cavaleiro ilibado se vai.
Há muitas lições a tirar sobre o poder. Algumas doces e outras amargas. Mas não se pode negar o desejo e sedução dos que buscam tê-lo desenha. Se quer. Há uma entrega pela força do comando. O destaque alucinado da liderança. O que não é para qualquer um. Nem todos sabem administrar o poder em determinadas proporções. Falta o dom, o carisma, a habilidade da liderança que não se descreve na racionalidade ou na vontade. Só se tem na prática daqueles que por carisma e virtude acabam por manter-se no poder.