O dilema da escolha é coisa humana.
O que nos diferencia dos animais é a escolha. Podemos pensar no que temos a fazer. Podemos escolher entre ação ou não ação. Diante disso, temos que estabelecer valor aquilo que temos pela frente. O dilema de certo ou errado, melhor ou pior, está por trás de fazer ou não fazer.
Quando pensamos se devemos ou não agir de determinada forma, estabelecemos valor. Independente da dimensão que nossos atos tenham.
A lógica vale para o que falamos. Se quase sempre não pensamos antes de falar, deveríamos. Dizer o que se pensa deve ser antecedido por pensar no que se fala. Afinal, a fala também é ato, também tem valor.
Ao estabelecermos valor a nossa fala, estamos dando aos nossos interlocutores, as pessoas que estão nos escutando, o tom da nossa conversa. As palavras, a altura, a lógica do que é falado expressa o que consideramos necessário a ser dito. Não se trata apenas do significado das palavras, mas do contexto e formato do que se fala.
Nossas escolhas são expressões no mundo.
Se escolhemos um tema, se o abordamos de determinada forma, é porque esta é a nossa forma de expressão no mundo, estes são os valores e lógicas que consideramos necessários.
Por isso, a agressão tende a alimentar a agressão. A violência se retroalimenta. Ela simplifica ou destrói a lógica racional do que está em discussão. Não por acaso, agredir é chamar o interlocutor para a agressão.
Quando assistimos a agressão propagada por ambientes em que antes ela não deveria ocorrer, é sinal que contaminamos os lugares de civilidade, respeito e bom senso, pelo de violência. Rompemos o limite do plausível, tolerável, para o excesso generalizado.
Logo, quem endossa a escolha da violência como expressão de valor, planta a semente e prepara a terra para colher tempestade.