Os riscos da subnotificação
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Os riscos da subnotificação

Por Gilson Aguiar em 25/06/2020 - 11:20

O Brasil é um país onde se tem muito pouco claro a proporção dos problemas e também das soluções. Crise vira ficção quando se interpreta os números que também são imprecisos. Neste tempo de pandemia fica claro que há uma subnotificação. Poucas cidades têm um controle próximo a realidade sobre a quantidade de pessoas infectadas pela Covid-19 e mesmo os óbitos pela doença. 

Os números sempre foram uma ameaça a governantes ou manipulados já ajudaram com uma falsa realidade e solução. Com a dengue já tivemos e temos problemas de monitoramento da população. Antes da pandemia que estamos vivendo discutimos os sintomas da doença e a dificuldade de caracterizar de diagnosticá-la. Se chegou a admitir que muitos profissionais estariam, de forma equivocada, detectando ou não a doença. 

Se agora estamos diante de uma crise da saúde pública, a crise dos números sempre existiram. A dificuldade de monitoramento da população sempre foi uma realidade no país. E não somente na saúde. Não podemos esquecer a quantidade de brasileiros que não tinham seu nome no cadastro do governo. 

Na educação, por exemplo, o monitoramento dos alunos nas escolas públicas é um problema. Não se sabe quantos deles têm acesso a materiais, quantos tem realmente domínio de matérias das quais foram aprovados. Nos exames nacionais e internacionais se vê a distância entre as aprovações nos anos letivos e a falta de conhecimento adquirido nos referidos anos. Tem muita mentira por detrás dos números também. 

Logo, as informações que temos são precárias, mesmo as oficiais. Se temos que tomar uma decisão, ela é feita com os riscos de não ter um monitoramento exato sobre a população. O custo disso é elevado. Ressaltando o trabalho fantástico que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística faz, mesmo sendo considerado uma perfumaria por muitos. Sofrendo com investimentos.

Quando se observa alguns diagnósticos paralelos que são feitos por instituições públicas e privadas, não oficiais, e que contrariam os dados anunciados pelos governos, há uma disparidade absurda. O que dificulta a própria gestão pública ou transforma as decisões do poder público em ações fantasiosas e em alguns casos inócua. 

Logo, não se brinca com os números. Temos que ter um monitoramento da população, de seus problemas, de suas necessidades e saber quais ações podem gerar um efeito mais positivo. Estatística não é perfumaria, superficialidade. Não se brinca com os números. Se parte considerável dos brasileiros não domina as operações matemáticas básicas, quem dirá o poder público. 

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