Pandemia é "boi de piranha" do orçamento
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Pandemia é "boi de piranha" do orçamento

Por Gilson Aguiar em 16/07/2021 - 08:16

Você já deve ter ouvido falar em “boi de piranha”. Animal deixado ser comido, levado ao sacrifício, para que outros possam passar. O encantamento com certos temas nos distrai de ficarmos atentos ao que passa ao nosso lado, sem que se perceba. A distração pode custar caro na vida.

Quem não se lembra do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, em uma reunião ministerial, no mês de abril do ano passado, falando para se aproveitar que a imprensa estava focada na pandemia para acelerar as mudanças de leis que afetariam a política de sua pasta.

Agora estamos mais uma vez sendo pegos de surpresa. Uma Lei de Diretrizes Orçamentária foi aprovada no Congresso Nacional, já passou pela Câmara de Deputados e pelo Senado e aumenta o Fundo Especial para Financiamento de Campanha de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões para 2022, ano de eleição.

A democracia nos cobra um peso e não nos dá retorno. Os brasileiros estão passando por uma das maiores dificuldades financeiras e sanitárias de sua história. Porém, há um mundo a parte que se consolida nos ambientes de poder onde se legitima os próprios interesses. Há uma casta política.

Enquanto ficamos atentos aos atos do Poder Executivo, consideramos a figura do presidente da república o elemento mais importante na vida dos brasileiros, nos esquecemos que a governabilidade depende do Congresso Nacional. O Poder Legislativo é importante. Ele não é um problema, é uma solução. Por isso, merece mais atenção.

A aprovação do orçamento do ano que vem tem desdobramentos vitais na vida dos brasileiros quando se pretende recuperar o país após o pior da pandemia. Se espera uma redução de gastos pelo poder público para gerar o deslocamento de recursos para setores vitais na retomada da economia.

O Congresso tem muito mais poder do que aquele que nós consideramos e boa parte dos brasileiros desconhecem. Precisamos ficar mais atentos. Não usamos o mesmo critério que analisamos e julgamos os candidatos para um cargo executivo daqueles que ocupam os poderes legislativos.

Nossa distração tem um preço caro. Se fossemos mais atentos, perceberíamos o quanto nossa realidade já poderia ter mudado se acompanhássemos mais de perto as ações dos representantes nos parlamentos. Um deputado ou vereador não pode prometer a construção de uma escola, um posto de saúde ou o saneamento básico. Contudo ele faz parte da condição que aprova o orçamento destinando recursos e gera a governabilidade necessária para que uma obra seja feita.

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