“Atento” à minha volta, vejo os objetos que me cercam, sou capaz de entender de onde eles vem? Sua fabricação e quantas pessoas estão envolvidas para que cada coisa que me cerca exista? A resposta para a grande maioria das coisas é não.
Max Weber, pensador alemão do final do Século XIX e início do Século XX considerava que na sociedade de mercado e no crescimento da produção em escala, com a divisão do trabalho e a racionalidade produtiva, o não saber a origem do que me rodeia é natural.
Contudo, saber que a ciência e a tecnologia são elementos fundamentais na produção da nossa vida, ter a racionalidade como condutora de nossos atos, são condições eficientes para a vida em sociedade. Porém, a razão não é um fator estimulante para nossa conduta. Não faço só por ser o certo, tenho que ter um sentimento por ser assertivo.
E, talvez, aí esteja o problema ou o centro da questão, a grande parte não conhece nada a sua volta, não tem racionalidade e o sentido de viver é fundado em um imediatismo ansioso. Este não é um mal só do Brasil. O mundo agoniza por falta de sentido. A pandemia apenas deixa isso mais claro.
Não conseguimos olhar muito longe, recebemos notícias de algo que vai além de onde moramos, não entendemos o que está à nossa volta. Fazemos parte de um mundo com influência de atos e reações globais e a grande maioria dos passivos ouvintes, destas informações distantes e próximas, não saem do lugar.
Nossa vida imediata nos cobra a manutenção do comportamento, hábitos e vícios. A vida complexa de coisas que não entendemos nos domina. Este mundo imenso que me traz notícias de longe e me fala do que é importante no meu dia a dia se perde sem significado.
Em meio a tudo isso, uma ironia, o ansioso, deseja movimento, quer sair. E, ironicamente, na sua vida de repetições e limites constantes, mal sai do lugar.