Quanto vale uma vida para você? Quanto vale a sua vida? A via dos seus filhos, quanto vale? Podemos acreditar em vida pós-morte ou não, mas o desejo para uma grande maioria é continuar vivo o mais tempo possível, há quem gostaria de uma vida prolongada, e alguns eterna. A grande parte quer a saúde do corpo. A vitalidade necessária para se manter neste mundo, se é que há outro. Se houver, porque não ficar um pouco mais.
O valor que você dá a vida é o mesmo valor que o outro tem o direito de dar. Se for um liberal, esta é a condição fundamental para que tudo se preserve. O direito privado ao corpo, a inviolabilidade da minha existência, minha propriedade natural. Posso ser punido pela lei dos homens, mas até onde vai o direito de tirarem minha existência? Onde repousa o direito de colocar a vida de outras pessoas em risco?
A vida vale muito. Todos argumenta sobre ela. A infantilidade de alguns generaliza o conceito entre diferenças ideológicas, “direita” e “esquerda”, seleciona o mundo entre “os bons” e “os ruins”. A infantilidade do extremo acredita sempre em uma grande conspiração. Simplifica a luta pela vida na lógica infantil dos “bandidos” e “mocinhos”, o “bem” e o “mal”. As coisas ficam mais fáceis de serem entendidas assim, mas é a forma mais superficial e mentirosa de definir o valor da vida.
Independente de qualquer definição, mais superficial ou profunda, a manutenção da sociedade é condição vital. Sem ela, nada se realiza. E se entendimento como uma mecânica implica na preservação de seu funcionamento. Ela precisa existir para continuar produzindo a vida tão desejada. A morte dos elementos que a impulsionam, as pessoas, é uma fatalidade crucial. Evitar a morte dos seres humanos é garantir o funcionamento desta engrenagem.
Se não considerarmos a sociedade uma máquina, mas a condição de existência da vida em sua particularidade e a condição coletiva como uma necessidade, temos que preservar a vida da mesma forma. A felicidade humana está na realização de suas possibilidades dentro da vida social. A perda de sua condição implica na morte da própria existência.
A inteligência está em que ações vamos tomar para preservar a vida da sociedade. O primeiro passo é encarar o problema, na dimensão que ele tem. Criar mecanismos de sobrevivência para que o imediato não seja solucionado e o problema maior agrave a condição de funcionamento daquilo que tanto defendemos se manter. Tem muita gente falando que o remédio não pode ter um efeito mais grave que a cura que ele promove, mas não há doença e nem efeito, independente da escolha o prejuízo será enorme. Diante disso, escolho a vida.