Quando se chega aos 76 anos você pensa e repensa. A maturidade lhe dá o direito de falar dos defeitos e entender que eles têm relação direta com a virtude.

Se hoje há do que se orgulhar, há também os erros cometidos que fizeram do caminho o sentido do destino traçado para o acerto. Não o bem sem o mal e o certo sem o errado.

Maringá é cidade traçada para em prancheta, mas isso não lhe garante ser uma sequência de ações planejadas e assertivas. Ingenuidade considerar que o planejamento gera sempre o resultado esperado quando se fala de uma cidade e do que é sua principal matéria-prima, as pessoas.

Cidade é obra humana. Onde há esta condição, há contradições. O conflito de interesses, há diversidade na condição de viver e no pensamento. Conciliar diferenças trava o bom andamento do planejamento.

Normalmente, cidades crescem como cascas de cebola, tronco de árvores, que deixam em seus anéis internos, nas camadas que se sobrepõe, as marcas do seu passado. Se caminha pela via pública e se depara com resquícios de ambientes e lembranças.

Contraditoriamente, nós apagamos parte considerável de nossas lembranças, renovamos o espaço urbano, adaptamos, construímos o novo e enterramos o passado. Vale homenagear os que se esforçam em buscar a memória de Maringá de forma honesta, resgatar o seu passado.

Teremos mais orgulho de Maringá na medida em que formos capazes de olhar para ela e a conhecermos cada vez mais. Saber de suas contradições e buscar melhorar aprendendo com acertos e erros, reconhecendo que esta cidade foi, é e sempre será a obra de seres humanos.