Meus caros, porque somos o que somos? Nossos atos nos condenam. Temos ainda uma sociedade de privilegiados incompetentes e de eficientes desvalorizados. Todos os dias esta regra tola está a mostra. Vivemos desprezando a eficiência e exaltando a burrice. Do que estou falando?
Estamos agora as voltas com a possibilidade de greve dos servidores públicos estaduais. Eles reivindicam uma reposição salarial de quase 5%. Afirmam que as perdas, desde de 2015, já ultrapassam os 17%. Neste bojo de funcionários estão professores, agentes penitenciários, funcionários da saúde. Já há uma mobilização de algumas categorias visando uma greve por tempo indeterminado. As universidades estaduais já se mobilizam neste sentido.
Quase todos os anos vivemos a mesma coisa. Um confronto entre o governo e os servidores. Uma luta para ter reajuste salarial e o poder público com a retórica da falta de recursos. Neste cabo de guerra, a população assiste aos serviços públicos sendo paralisados. Em alguns casos com prejuízos imediatos ou a longo prazo. Segurança e educação é o que mais se recente.
Nesta disputa não há bandido nem mocinho. O que temos é uma falta de políticas públicas permanentes. Falta uma política de estado para áreas consideradas essenciais. Não se brinca com educação e segurança. Se gera ações permanentes para prevenir e não remediar. Da mesma forma que não se empilha presos em cadeias e penitenciárias para tirar das ruas sem saber como fazer a reintegração, não se empilha alunos em sala sem educação de qualidade.
No contexto de desprezo, professor e carcerário acabam tendo que lidar com a superlotação e falta de condição de reintegrar e educar. Se a cela tem a expressão de nossos problemas, a escola que teria a solução é tratada com desprezo. Professores são mal remunerados. Por isso, a carreira atrai muitos que não se interessam pela docência, apenas tem nela uma forma de fugir do desemprego e entrar para o corpo de funcionários públicos.
Mas educar mal para governar burros tem uma relação direta com o tratar a segurança pública como mera prisão de bandidos e delinquentes. Tudo é medida precária. Sempre o imediatismo. Não formamos gerações de pessoas qualificadas nas escolas públicas. O que temos é uma desistência da educação para a sobrevivência no mercado de trabalho ou sedução de adolescentes e jovens para a ações ilícitas, como o tráfico de drogas.
Esta é a política burra. Não é ato de um só governo, de muitos, na sequência. Se tem algo que é feito de forma contínua é o desprezo pelo ser humano. O abandono do potencial de pessoas que poderiam construir soluções para todos os nossos problemas. Há potencial, mas não competência. Tem-se força intelectual humana, contudo não há educação e racionalidade para se enfrentar os problemas. Logo, pagamos o preço. É isso que a possibilidade de mais uma greve de setores do funcionalismo público mostra. Em especial nas áreas de educação e segurança.