Política é profissão
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Política é profissão

Por Gilson Aguiar em 31/07/2024 - 08:00

Poder e representação vai além do voto

As pessoas consideram que a política é a condição de representação social que espelha em seus participantes a vontade da maioria. Assim, aprendemos que democracia é a voz do povo determinando a vida pública. A regra de certa forma é essa, mas não ocorre de maneira tão simples.

Quando escolhemos um candidato e consideramos que esta escolha é a expressão da nossa vontade, transparece, fica entendido, que estamos optando pelo que é melhor para nós, pelo menos na nossa percepção. Se temos um número de pessoas que se candidatam e escolhemos entre eles um que consideramos digno do nosso voto, ele ou ela, a ou o escolhido, é a nossa representação.

Porém, contudo, há uma condição de se candidatar, de estar disponível, de entrar para a vida pública. Se vende a falsa ideia de que se tornar uma pessoa pública é apenas estar disposto a representar um segmento social, defender uma ideia pública, estar à frente de uma causa social, por exemplo.

Tem que jogar o “jogo”

As coisas não são bem assim. Ser uma pessoa pública é um campo de poder em que não entra qualquer um ou permanece quem quiser. Há que se obedecer a critérios e interesses, há que obedecer a rituais e se comprometer com práticas. E, quando falo isso, não estou dizendo que estes atos são certos ou errados, mas são. 

E isso existe em diversos campos de trabalho ou segmentação social. Não é uma característica exclusiva da vida pública, dos representantes públicos. O político se torna um profissional por ter que adquirir certas habilidades e legitimação que depende da convivência dos que já estão na profissão. 

A troca de favores, os benefícios dos que ingressam na vida pública, os apoios cordiais e acordados, são características de uma vida pública que tem suas regras. E que fique claro, mesmo tendo posturas distintas e ideologias aparentemente distintas. A política define pessoas que reagem de forma unida quando seu campo de poder está ameaçado. 

Por isso, há uma permanência, mesmo com distinções aparentes. Logo, a vida pública se profissionaliza na medida em que se torna uma cadeia complexa de relações que a sustentam. E, isso não é algo bom ou ruim, é como as coisas são. 

 

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