O crime organizado é organizado. Logo, o chamado Primeiro Comando da Capital (PCC) tem departamento de eliminação de autoridades. Age contra personalidades ou cargos de alto escalão que possam ameaçar a ação criminosa. Afinal, se tem algo eficiente neste país é o crime. Lembram que a Odebrecht tinha um departamento de propina?

O ex-juiz e senador pelo Paraná, Sérgio Moro, está na lista de indesejados pelo PCC e está jurado de morte. Como está jurado também o membro da facção criminosa que delatou a operação que pretendia eliminar diversas autoridades, inclusive o ex-ministro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou e afirmou que, a princípio, considera que tudo isso é armação de Sérgio Moro, seu desafeto declarado.

Moro reagiu a fala do presidente e o chamou, indiretamente, de indecente e insensível. Considera que o presidente está fazendo brincadeira de coisa séria. Também, argumentou, que a perseguição que sofre é por ter cumprido a sua função de combater o crime organizado.

Logo, a pergunta que não quer calar: Moro corre risco de vida?

A resposta é que ameaçado está e se não fosse alguém de destaque nacional, cumprindo o papel que tem, poderia ou já estaria morto. Contudo, agora, a possibilidade do ex-juiz ser executado fica cada vez mais remota. Se ele estivesse no México ou em outros países onde o crime organizado comanda decisivamente o poder governamental, ele não existiria.

O que estamos vendo daqui para frente é uma utilização política do fato. A ameaça permite que o ex-juiz e senador ganhe destaque nacional e tenha os holofotes da mídia. Se torna voz ativa na oposição ao atual governo.

Já, o presidente Lula está rancoroso e já declarou que tem cede de vingança contra Sérgio Moro.

Deveríamos entender o que aconteceu de forma mais profunda. O crime organizado beneficia e financia muitas pessoas que pousam de honestas e estão à frente de negócios ilícitos. As drogas têm braços em representantes públicos. O que está no foco agora não é novidade nenhuma.