Líderes orgânicos
Não questiono as pessoas que desejam ingressar na vida pública. Algumas delas eu admiro. Tem um histórico dedicado a uma causa, defendem um posicionamento ou lutam para a superação de problemas sociais. Mais que isso, há quem represente uma categoria profissional, um segmento social, um bairro, uma comunidade.
Logo, a candidatura para muitas pessoas é natural. Um desdobramento do próprio histórico.
Vale lembrar, inclusive, que as redes sociais fez emergir novos personagens na vida pública. Alguns que se não fosse o mundo digital teriam permanecido no anonimato ou alcançado poucas pessoas para legitimar uma candidatura.
Pelas redes sociais recebi convites de amigos e amigas para colaborar na elaboração de projetos, campanhas, dar apoio a candidaturas. Declinei pelo papel que exerço nos meios de comunicação. Fiquei grato pelo reconhecimento. E realmente, a campanhas que considero importantes para a renovação da vida pública. E nesta campanha, nesta eleição municipal, vamos assistir a muitos rostos novos.
Caciques políticos
A vida pública não é apenas a escolha de se candidatar. Também, não é apenas ter um histórico de representatividade em uma comunidade, ser um líder orgânico, ter bases eleitorais. Há que se sujeitar aos círculos da política e do poder. Se sujeitar aos rituais de iniciação dos grupos tradicionais da política.
Aqui entram os partidos e seus senhores. Ingressar em um agrupamento político que lhe dê oportunidade de ser candidato, de ter recursos, de ser respaldado por quem conhece a máquina eleitoral e sabe usá-la da forma mais adequada. Há que ter apadrinhamento.
O jogo do poder é complicado. Há uma cultura de mando, controle, organização representativa, que passa nas mãos de velhos personagens da vida pública. Pessoas que aprenderam e conquistaram ao longo do tempo um prestígio que não é das urbanas, nas dos bastidores, da burocracia, dos acordos que vão além do voto.
Se desejamos a renovação, se queremos novos personagens no poder, buscamos uma representatividade que traga impulso e perspectivas novas aos debates de velhos temas. Ainda estamos presos a formas tradicionais de controle dos mecanismos de representação. Não podemos esquecer que política é profissão mais que vocação. E há quem fez da política sua profissão de fé.