Esta história de armar a população para combater o crime é uma alucinação. Já falamos aqui inúmeras vezes que não se combate a violência com violência. Para combater o crime organizado tem que investir nas ações do poder público. Temos que ter ações e estratégias públicas e não ações privadas.
O grande problema é que apostamos em acumular pessoas em presídios e transformamos crimes pontuais em problemas sociais. Por mais que há uma preocupação com a violência orquestrada, o que nos causa ameaça cotidiana é menos o crime organizado e mais a miséria da população.
Um exemplo do destempero em relação as raízes da violência é o que aconteceu com o ex-juiz Sérgio Moro e atual senador pelo Paraná. Ele estava na lista de autoridades que o PCC queria combater e até mesmo eliminar.
Na Operação Sequaz, a Polícia Federal prendeu nove pessoas ligadas ao PCC e que tinham planos de sequestrar e intimidar autoridades. Entre elas o ex-juiz e senador.
O grupo criminoso tinha quartéis generais em São Paulo e Paraná e uma grande quantidade de armamento.
O senador Sérgio Moro se pronunciou no Senado em relação à ser alvo do grupo criminoso. Ele defendeu o armamento para a população. Inclusive, considerando que a população deve ser armar mais que os criminosos.
O político paranaense e ex-juiz está correto quando considera que temos que combater o crime organizado, mas peca ao estimular o armamento pesado a população. Ainda mais autorizando a ter um poder de fogo sem limite.
Quanto mais armamos a população não vamos proteger e sim estimular uma guerra sem fim.
O crime organizado não se intimida com o poder de fogo contrário. Ele simplesmente usa da violência e da ilegalidade para atingir seus objetivos. Armar a população é prepará-la para uma guerra sem fim em que ela será a principal vítima.
Ao possibilitarmos uma grande quantidade de armas nas ruas, vamos multiplicar o potencial de destruição que poderá ser utilizado contra a população comum. Além da desproporcionalidade do poder de fogo e do estímulo a discussões de pouca relevância terminar em morte.
Quem tem uma arma não mão está menos habilitado a combater um criminoso intencional do que disparar contra outro cidadão sem ficha na política por uma questão banal. Vamos usar o armamento para resolver nossas picuinhas e desavenças do dia a dia.