Homicídios caem e violência contra a mulher cresce
A violência contra a mulher cresceu entre 2022 e 2023. E não é pouco não. Ironicamente, o número de homicídios caiu 3,4%, mas a violência contra a mulher e número de feminicídios aumentou 2,6%. Os casos de estupro também aumentaram entre 2022 e 2023, 14,9%.
Para se ter uma ideia do crescimento da violência contra a mulher, no primeiro semestre deste ano foram 722 feminicídios, aumento de 2,6%. Lembrando que os números podem ser maiores, há uma dificuldade de classificação dos crimes por parte do aparato de segurança.
Estes dados são do Fórum Brasileiro de Segurança.
No Paraná não é diferente
No Paraná não é diferente. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP), a cada hora, 23 mulheres sofrem algum tipo de violência. No primeiro semestre deste ano foram mais de 110 mil registros. No ano passado foram 9 mil registros a menos.
As mulheres que mais sofrem violência são as que estão em idade produtiva, 71,9%, as mulheres negras são a maioria, 61,1%. Demonstrando que o feminicídio está diretamente ligado, também, a discriminação racial.
Lembro estes dados por que sábado, dia 25 de novembro, foi o Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. O que por sinal é uma das metas da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Demonstrando que o Brasil está longe de alcançar este índice. Por sinal, se as coisas continuarem assim, estamos caminhando para trás.
Violência começa em casa
Nunca deixe de considerar que a violência contra a mulher é cotidiana, naturalizada e alimentada nos lugares onde elas deveriam se sentir protegidas. A agressão é doméstica em grande parte. Também se dá no trabalho, na vida diária, em vários lugares.
Porém, em casa, desde a infância, os rituais de violência são praticados através de condutas, julgamentos e tratamentos que discriminam a mulher. Nos nossos rituais de aparente cordialidade estão atos que alimentam a imposição masculina.
Lembrando que a maioria das famílias brasileiras são comandadas por mulheres, mais porque elas foram abandonadas pelos seus ex-parceiros em sua maioria do que optaram pela vida independente de governar seu destino.
Mulheres chefiam as famílias por abandono
Busque nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e você verá que mais de 50% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres que ficaram sozinhas por contingência e não por escolha.
Podemos reverter isso. Mais que punir os assassinos, agressores, discriminadores, temos que refazer nossos conceitos diários da convivência com a mulher. Temos que organizar em nossas vidas a capacidade de tratar com equidade eles e elas. Sejam nossas mães, parceiras, filhas, colegas de trabalho, todas que convivem conosco e por algum motivo cruzam a nossa vida.
Elas merecem respeito. E a oportunidade de demonstrar isso pode estar na nossa vida cotidiana. Na simplicidade do gesto e de maneira que consideramos quem está ao nosso lado.
É neste ato incorporado do dia a dia que repousa a grande onda de mudança que pode fazer uma imensa diferença em relação ao ambiente social para as mulheres. No sentido e valor expresso por nós. E este nós, são eles e elas. Mulheres também podem combater ou estimular a violência. Faça parte desta mudança, não requer muito, apenas agir de forma diferente, coerente, respeitosamente.