Quanto vale o poder?
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Quanto vale o poder?

Por Gilson Aguiar em 26/03/2021 - 14:29

Quantas vezes entrevisto homens públicos que justificam seu trabalho na política como uma abnegação. Dizem que se dedicam por amor ao povo e pela necessidade de mudança. Sua dedicação, já ouvi isso, seria sem pretensões. Como na fala “tosca” sobre os professores, há quem afirme que a política é um sacerdócio. 

O sentimento de satisfação humana em estar no comando de outros existe e com este sentimento não se brinca. Ele pode embriagar. Virar vício, estimular e justificar atos desmedidos. Afinal, qual é a medida de quem tem o poder?  

Fora isso, o grupo seleto dos que se consideram escolhidos para a governança tem rituais, virá clã ou casta. Tende-se a se perpetuar através da hereditariedade. Mesmo que o herdeiro seja desprovido do mínimo de qualidades para assumir o comando. 

A grande questão é que, o poder conquistado exige sacrifícios. Há que se entregar a ele e mantê-lo. Não é a permanência no meio da “escada das alturas", são os degraus que ficam inseguros se você quiser ficar pelo meio do caminho. Se tem um lugar onde a frase tem razão é lógica, “a fila anda”, é a função de poder. 

Para quem é bem sucedido nele, com exceções, e lembre-se, elas são sempre a minoria, a dignidade é um dos primeiros objetos de troca. Nunca assumida, sempre negada, criticada e praticada, faz parte da regra do jogo. Aquela história de “vender a alma ao diabo” se encaixa aqui.

Porém, e contudo, o poder tem sustentação, as forças que o mantém. Inúmeras na medida em que se ascende por um maior número de pessoas e território, quanto mais força a sua decisão tem de impactar a vida humana. “Se sentir Deus é perceber a força dos súditos”, perder o poder é não saber se manter sobre as forças que lhe sustentam. Logo, o poder não é nada sem função.

A eficiência do poder não está nas mãos de quem o exerce, mas na capacidade de gerar resultados sobre os comandados. Por mais que o interesse a ser atendido não seja da massa que se subordina. 

Homens públicos falam aos quatro cantos que “vivem para o povo e pelo povo” . A retórica desgastada é ilusão para dar aparência e esconder a essência da função. O que mantém o poder são as relações de sustentabilidade e de eficiência na execução do que interessa e é interesse. 

Nas empresas, por mais que o poder não seja escolhido, em regra, na maioria das empresas familiares, predominantes no Brasil, o comando é quem escolhe e se sustenta na eficiência do mando. Mesmo assim, ele tem seu preço a pagar na hora de dar eficiência aos atos. Se não gerar resultado sentirá na própria pele seu fracasso. Claro que levará inúmeras pessoas juntos.

Precisamos ficar mais atentos a lógica do poder e deixarmos de idolatrar os personagens que ascendem ao comando. Há um fator que os sustenta, uma relação que dá base para a manutenção do poder. É a isto que temos que ficar atentos.

 

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