Por um lado, recebemos boas notícias depois de mais de um ano de pandemia. Temos a multiplicação de vacinas que são autorizadas e lançadas em todo o mundo. Nossos principais institutos produtores de vacina, Fiocruz e Butantan, estão demonstrando capacidade de produção e atendimento à demanda que pode levar o país a vacinar boa parte da população até o final do ano.
Porém, há as amargas informações dos números de pessoas contaminadas e mortas. No Paraná, segundo o último boletim da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (Sesa), chegamos a 868.567 infectados e a triste marca de 18.375 mortes pela Covid-19. Os dados são de 08 de abril. Dia, inclusive, que morreram 374 pessoas e mais de 4,7 mil foram infectadas.
As cidades com maior número de óbitos foram Curitiba, com 75, Londrina com 25, Campo Mourão com 23, Maringá com 16. Das grandes cidades do Estado, Ponta Grossa teve 12 mortes, Cascavel 3 e União da Vitória 1.
O triste é perceber que no país temos um novo recorde do número de mortos em 24 horas, 4.249. Demonstrando que o mês de abril será o pior de toda a pandemia. Especialistas, como o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, afirmam que com o atual ritmo de vacinação e o índice de mortes, o país pode chegar a 500 mil mortos até o meio do ano.
Por que isso ocorre?
A primeira coisa a se pensar é que temos um passado que nos condena. Em alguns momentos nossos problemas ficaram mais expostos. Veja, por exemplo, a dificuldade dos poderes públicos monitorarem a população. Quem nunca se importou tem dificuldade de acompanhar o que sempre lhe foi objeto de desprezo.
As estatísticas do país sofrem com poucos investimentos em pesquisas demográficas. Veja a penúria que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística atravessa. Sem recurso nem para contratar recenseadores. Quando o governo federal decidiu pagar a primeira ajuda emergencial teve que cadastrar milhões de brasileiros que sequer sabia que existiam.
O poder público municipal não sabe monitorar a população das cidades. Quem são, por onde andam, quantos são, como se locomovem. O transporte coletivo continua sendo o meio de transporte que oferece o maior risco de contaminação. E as prefeituras das grandes cidades não conseguem fazer nada em relação a isso.
Então, não sabemos o que vai ocorrer nos próximos meses. É difícil estabelecer uma previsão mais assertiva sobre contaminação, mortes e vacinação. Tudo é um diálogo sobre dados precários. O maior responsável, os poderes públicos, desconhecem a população que deve proteger. Age pelo acaso da pressão e da força de imposição. Vai se levando um dia após o outro e inúmeras pessoas para os túmulos que um bando de imbecíl insiste em negar.