Dar um conselho sempre parece a melhor forma de ajudar alguém. O que não falta é alguém que peça. Dizer às pessoas o que elas devem fazer gera uma sensação imediata de boa intenção. O que aconselha se sente empoderado pela valorização da opinião, superior pela capacidade de dizer o caminho que o outro, limitado e perdido em suas escolhas, não enxerga.
Fora este sentimento imediatista de satisfação mútua entre o aconselhado e o conselheiro, caso a prática seja constante, o poder que se dá ao guru que indica o caminho. O modelo a ser seguido, o dedo aponta a direção, dá a certeza que não precisamos pensar no que fazer e sim apenas perguntar que caminho seguir.
Nestas horas, é sempre bom lembrar do que no velho ditado, “se conselho fosse bom não se dava, vendia”. Minha vó dizia isto, e ela estava certa. Conselho atrofia, anula nossa capacidade de auto descoberta, gera dependência, transfere responsabilidade e gera crise de identidade. Sim, crise de identidade. Pessoas que vivem do conselho alheio não conseguem mais ter medida do que realmente são, gostam e desejam.
Se você gosta mesmo de alguém, não dê conselho, ajude as pessoas a se descobrirem e fazerem suas próprias escolhas. Não é apontando caminhos que vamos conseguir melhorar a vida de ninguém. Se o conselheiro fosse um poço de verdade, seu próprio caminho demonstraria seus constantes acertos.
Nestas horas é sempre bom pensar nos grandes líderes. A forma como eles agem diante de uma decisão vital. Elas não dão conselhos, apenas ajudam a refletir sobre as escolhas. Demonstram na lógica do mundo o poder de nossas escolhas. Geram esperança na capacidade de podermos rever nossos atos e nos fazermos melhor agindo de forma diferente. Porém, sem nunca ditar o que deve ser feito.