Sofremos por antecipação
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Opinião

Sofremos por antecipação

Por Gilson Aguiar em 19/08/2024 - 16:00

Há aprendizado na dor?

O que não nos mata nos faz mais fortes. A afirmação é de Nietzsche ao considerar a potência do ser humano e o quanto somos capazes de superar a dor e aprender a dominar nossas emoções que se perdem em devaneios se nos deixarmos levar por ela. 

Mas seria possível dominar as emoções que nos tomam e que nos invadem diante da incerteza do dia seguinte? Aquele sentimento de ansiedade que nos toma quando dependemos de algo que vai além de nós. Quando os outros podem ter em suas mãos o nosso futuro. O chamado “sofrimento de véspera”. Como na metáfora que muitos utilizam, quem sofre de véspera é o peru de natal. 

Sim, tem coisas que não dominamos. Temos que nos preparar para elas, não podemos deixar que elas nos dominem sob o pretexto de ter um impacto maior do que aquele para o qual se destina. O mal é maior quando sofremos em uma intensidade do qual ele não tem seus efeitos reais. 

Vivemos de projeção.

Estamos sempre projetando no futuro seus desdobramentos imaginando o que vai acontecer. Sempre antes do ato há uma previsão. E nos comportamos hoje em clara expectativa do que pode acontecer no tempo seguinte. 

Veja que ironia, quando amamos, o sentimento de vontade de ver, a intensidade do gostar, é sempre sentimento de ausência. Estamos ansiosos para ver a pessoa amada, sentimos saudade, imaginamos a sua presença. O sentimento é mais intenso do que quando estamos ao lado desta mesma pessoa. 

Temos que sofrer menos no dia anterior e aprender a enfrentar o dia seguinte. Principalmente quando estamos diante de um problema, de um desafio. Nos preparar para o que vem é uma qualidade, mas despejar sobre o que não aconteceu mais intensidade do que merece, essa dor depende de nós. 

 

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