Conforme as eleições se aproximam o discurso tendem a ser mais críticos em relação aos adversários. Também, o ambiente tende a se polarizar, escolhas ficam mais nítidas e aliados políticos fervorosos começa a se pronunciar. Até aqui, faz parte da democracia.
O limite que se teme ultrapassar e já foi este ano é o da violência, da agressão física, do ato de barbárie extrema. A dificuldade de convivência entre opostos gera clima de incerteza e pode ser o fator de estímulo a agressão. Intolerância é a palavra.
Vale lembrar que este ambiente não é exclusivamente brasileiro. Não faz parte de uma realidade específica, é um fenômeno global. Uma parcela do mundo perdeu a capacidade de convivência. Qual seria o motivo?
Chamo este momento que estamos vivendo de infantilização. O ser humano contemporâneo é estimulado a ter comportamentos que antes eram exclusivamente das crianças. O egoísmo típico de uma criança que não sabe e não compreende o valor do que está a sua volta e a complexidade da convivência, gera atitudes infantis.
Agora, se aprende desde cedo e se consolida com a idade que tudo é permitido, tudo é possível, para uma parcela dos de melhor renda e para outra dos sem condição econômica, se esfrega constantemente na cara os discursos de empoderamento utópico e de valorização do absurdo.
O desqualificado pode ser o que quiser. O descompensado emocional, radical, mimado e incoerente é considerado um “líder de personalidade forte”. Alguém que no fundo é um imbecil agora se transforma em gestor de pessoas e é visto como um diferencial.
Os espaços da mídia de massas, em especial a digital, são ocupados por personalidades medíocres. Se enchem de histórias de analfabetos, ignorantes, desqualificados, estúpidos, vistos como gênios. A falta de qualificação e caráter virou pré-requisito para o sucesso.
Diante deste mar de absurdos, a infantilização é regra. Quantos não se consideram injustiçados, já que tendo os atributos da imbecilidade considerada genial, porque o mundo não o reconhece e lhe dá que merece, o sucesso.
Os que antes eram reprovados na escola, os piores alunos, os que desprezavam a educação, eram banidos de consideração. Poderia ter sucesso em outras atividades, mas nunca no que se considera a inteligência e reconhecimento como modelo de conduta.
Escolhemos nossos modelos de sucesso consumindo o medíocre. Amamos a imbecilidade. Louvamos o absurdo e acreditamos no improvável. Permitimos ao idiota o direito de ser incluindo entre os coerentes e civilizados. Depois ficamos nos perguntando, por que as coisas ficaram assim? Por que tanto radicalismo?