Estamos vivendo tempos de radicalismo. As pessoas não percebem o quanto estamos pouco tolerantes a diversidade, a opinião contrária. Em uma democracia não há unanimidade. Isto é fundamental. O que nos faz melhor a discordância. Não existe uma perfeição final. Há um aperfeiçoamento necessário e constante. Este é o melhor efeito que o ambiente democrático traz em longo prazo.
É difícil chegar a um consenso dentro do ambiente de pluralidade, de diversidade, que a democracia expressa. Vivemos o embate. Questionamos. Tudo o que é necessário para a liberdade de expressão viver e conviver com a contrariedade nem sempre se sente com passividade. A discórdia tem seu preço em cólera. Porém, a liberdade de expressão não pode chegar ao extremo.
Quanto mais se ampliam os meios de comunicação e sua particularização, a democracia enfrenta novos desafios. O que antes se tornava público era filtrado pela dificuldade de poder fazer valer a opinião pessoal em um meio de comunicação que atingisse um grande número de pessoas. Hoje, estamos conectados com um público que há mais de duas décadas, só meios de comunicação de massa teriam esta possibilidade.
Logo, a liberdade de expressão ganha um novo sentido com o “poder” de comunicação que temos na atualidade. A crítica que se fazia para um público restrito de pessoas, agora pode atingir uma quantidade inimaginável. Uma ação por impulso, raiva, pode causar um estrago na vida de inúmeras pessoas. Da mesma forma, os debates públicos ganham dimensões e inclusões que valorizam temas e os fazem virar notícia porque caíram no “gosto popular”.
O Brasil não tem muita experiência com a democracia. Estamos ainda aprendendo a lidar com a liberdade de expressão. Nos irritamos com as opiniões divergentes. Os debates acirrados e calorosos nas redes sociais mostram nossa limitação para lidar com a diversidade. Porém, acredito no futuro. É na prática e reflexão sobre ela que se aprende a amadurecer, repensar e conviver.
Logo, temos que manter o ambiente democrático. Deixar a liberdade nos conduzir com respeito à divergência, a diferença. Sabermos defender nossa posição e lutar para que os demais, que não concordam conosco, nunca percam o direito de expressar as suas. O direito a discordar é proporcional ao de manter viva a discordância.