Quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. Você já deve ter ouvido essa. Uma demonstração de que todo o esforço na busca de sucesso partindo do trabalho não terá bom resultado. Quem cultua esta lógica? No Brasil ela faz todo o sentido.
Nossa herança escravocrata consolidou ao longo dos séculos a lógica de que aquele que faz o esforço físico do trabalho constante não é alguém bem sucedido. Ele está a serviço de outro, mais esperto, que não trabalha e explora o serviço alheio.
A lógica é eficiente em uma sociedade fundada na malandragem e não na honestidade. Na falta de competência daquele que trabalha se justifica a exploração. Logo, a relação se sustenta na miséria de quem está disponível no mercado para executar uma ação pelo menor ganho possível.
Mais que dar eficiência ao mercado, as relações de trabalho e produção, nos habituamos a tirar o mesmo da mesma coisa. Preferimos a manutenção dos ambientes empresariais para não termos que conviver com uma mudança onde o comando possa fugir de nossas mãos.
Gestores brasileiros expressam sem pudor ou guardam na intimidade a lógica de que “quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro”. Se esforçam para que não ocorra uma mudança neste ambiente que venha a colocar em xeque sua lógica.
Contra a mediocridade da exploração desqualificada, da miséria e ignorância, os ambientes têm que ser de aprendizado e de valorização da qualificação. Gerar mudança pelo comprometimento que é recompensado com o aprimoramento de quem está dentro das corporações ou das empresas que buscam resultado.
O lucro não é pecado, é digno, desde que seja a construção de uma eficiência dos envolvidos. Assim como não é traição quando alguém sai de uma empresa em busca de uma carreira profissional melhor. Construa uma vida profissional marcada pelo aprimoramento e eficiência e não compactue com a mediocridade ao explorar a permanência da vida medíocre.
Nós temos que romper com os vícios de considerar que quanto mais as coisas ficam como estão nas relações de trabalho, mais segurança temos em relação ao futuro. Isto é um engano, vamos ser condenados pela paralisação e ineficiência de um mercado competitivo que exige novas formas de ação eficientes. Mude e melhore, e se as pessoas à sua volta resistirem muito a mudar, mude de lugar.