Você já pensou que o trânsito expressa exatamente o que a sociedade é? Modais e vias mais seguras tem um custo mais elevado, frequentada por quem pode financiar o próprio deslocamento. Os que vivem de transporte público ou andam a pé, pagam o preço do desconforto ou insegurança.
Quando falo de insegurança não estou me referindo somente ao risco de um acidente ou atropelamento, mas de um assalto e ambientes degradantes. O trânsito expressa a vida.
Também se mede o valor de uma vida quando se pensa na pandemia. Na crise, a desgraça sempre se exalta na dimensão do problema em que está mergulhada. As classes mais pobres que não podem ter um modal individual de deslocamento vão de transporte coletivo. Ambiente de risco, insalubre e marcado por agressões a mulher, assalto e infecções, por exemplo.
Os riscos nas vias urbanas são proporcionais aos que a sociedade oferece para os mesmos indivíduos contidos no abismo da renda. Não há diferença.
Os motociclistas e pedestres estão expostos às suas fragilidades. Não por acaso, os primeiros são os que mais sofrem acidentes com sequelas graves e ou mesmo óbitos. A desigualdade que marginaliza em tantos lugares também não é diferente no trânsito.