Em Maringá, no noroeste do Paraná, 24 notebooks foram roubados da Secretaria de Educação do Município. Os equipamentos eram para os professores e seriam entregues ontem, segunda-feira. A educação “perdeu”, como dizem os bandidos.
Roubar o patrimônio público não é um mal apenas de um município, acontece constantemente. A estrutura que deve atender a população é delapidada, ironicamente, por quem mais precisa.
Grande parte dos equipamentos públicos que funcionam e sofrem vandalismo, danificados ou roubados, estavam ali para servir a população. Muitas vezes, o agente da destruição estava no público que é atendido pelo espaço que foi danificado.
O vândalo revoltado que deseja resolver o seu problema ou descarregar sua raiva acaba por se vingar em sua própria possibilidade, destrói a sua saída.
Falamos muito da desigualdade e do quanto a miséria se propaga. As medidas paliativas são usadas como forma de ter a população sempre a mão, refém da miséria quando é alimentada por migalhas. Já a infraestrutura é a saída vital e final. A escola, o posto de saúde, o ginásio de esportes, a escola e hospitais são o remédio definitivo e permanente.
São exatamente estes espaços que sofrem com o vandalismo e o roubo constante. Os espaços definitivos e necessários para a melhoria da qualidade humana.
Nós também fazemos isso com nossa vida. Se os vândalos nos incomodam, nós também vandalizamos nossa existência. Há em muitos a capacidade de destruir suas soluções. Roubar o que é sua condição fundamental para a superação de seus limites. Nós também jogamos oportunidades fora. Prejudicamos inúmeras pessoas com isso e principalmente nós mesmos.
Quando se fica perguntando o que fazer, talvez a primeira coisa é não destruir o próprio patrimônio, acabar com suas possibilidades, não ser seu próprio sabotador.