Violência começa em casa
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Violência começa em casa

Por Gilson Aguiar em 01/08/2023 - 08:10

Violência cotidiana e constante

Me canso de olhar para os jornais e ver noticiado atos de violência contra a mulher. Todo o dia.

Inclusive, vale a estatística da Rede de Observatório de Segurança, uma mulher é agredida a cada 4 horas. Que país é esse? Como permitimos isso?

No final, um terço das mulheres brasileiras já sofreram agressão física ou sexual em sua vida. Este é um dado da Organização das Nações Unidas (ONU). Lembrando que o Brasil está entre os países com maior número de ocorrências de agressão contra elas.

Por que isso acontece?

Considero que grande parte dos brasileiros ignora nossa formação social. Não somos educados a refletir sobre o nosso passado e entendermos as origens profundas de nossos principais problemas. Deveríamos fazer isso com a nossa vida.

O patriarcalismo instituído com a formação da sociedade brasileira é extremo. O encontro do elemento europeu, português, com os indígenas e a implantação do trabalho escravo africano foi um ambiente propício para os excessos e os excessivos.

Nas relações da grande produção açucareira, na vida nos engenhos e nas áreas de importância fundamental para o colonizador, como também nas áreas de economia regional ou local onde as relações foram estabelecidas na informalidade costumeira no encontro entre nações, a violência esteve presente.

O corpo da mulher foi apropriado e sobre ele se jogou todas as intenções, as mais torpes deixaram cicatrizes ao longo do tempo e temos a ferida aberta a cada nova agressão.

A menos de um século as mulheres estavam juridicamente submissas aos homens. A lei permitia um assassino sair ileso em “legítima defesa da honra”. Absurdo para os olhos de hoje, uma marca comum em um país onde a agressão já foi ação de direito e resiste a ser superada.

Os casos cotidianos

Se você acessar o noticiário dos jornais, das mídias tradicionais ou digitais, vai ter neles atos de violência contra a mulher. Agressões constantes e das mais diferentes formas.

Hoje, por exemplo, acessei jornais on-line e li atos de agressão como estupro, tentativa de assassinato de ex-companheira, como também, a tentativa de matar o novo companheiro da ex-mulher.

Um dos fatos marcantes no país é o do médico ginecologista que atuava em Maringá, no noroeste do Paraná. Ele foi denunciado por três mulheres e hoje 36 delas já relataram ter sofrido abuso. Imagina a quantidade de outras tantas que ainda estão em silêncio mesmo tendo sido abusadas?

O médico está preso desde o dia 15 de junho. Mas, o quanto abusou até ser detido?

Ele não é um caso isolado, quantos já fizeram e fazem o mesmo. Eles estão em todos os lugares e nas mais diversas profissões. Algumas delas com a função de proteger os seres humanos. Porém e por isso, são as que mais facilitam o acesso as mulheres.

O agressor sempre está por perto.

E tudo começa em casa

Onde tudo isso começa? Em casa.

Claro que não estou colocando a culpa da agressão na criação que os pais deram, mas ela é fundamental para a formação de um ser humano consciente do respeito que se deve ter ao outro.

No cotidiano, nas práticas mais comuns, nos lugares que consideramos distante de ser um ambiente nocivo são os que plantamos a semente da agressão.

Muitos em nome de proteger ou gerar um comportamento “moral” em seus filhos acabam por legitimar a agressão e moldar as crianças e adolescentes a serem agressores.

Se queremos respeito para a mulher, é preciso mudar o conceito de sua formação deve ser marcada por um modelo de submissão. O discurso do proteger não pode estar associado ao controle do corpo e somente por ser mulher.

Enquanto isso não acontecer, nada muda.

 

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