Violência não se cura com antitérmico
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Opinião

Violência não se cura com antitérmico

Por Gilson Aguiar em 03/05/2023 - 17:39

Superficialidade para entender a violência

Agora existe uma onda de defensores de leis mais rígidas para reduzir a criminalidade no país. Se considera que há uma frouxidão nas condenações de criminosos. Deveríamos ter penas mais pesadas para determinados crimes.

Outros defendem o armamento da população civil. Permitir o acesso as armas para uma grande parte dos brasileiros se protegerem diante da possível violência. Prevenir armando a população.

Esta é a saída da chamada causa efeito.

Vamos fazer uma comparação, para quem tem uma gripe passageira é sempre bom tomar um antitérmico, um remédio para amenizar os sintomas. Por um motivo simples, você sabe que um quadro gripal tem um ciclo e que ele vai passar. Ninguém, pelo se espera, vá morrer de uma gripe comum.

O que é irônico nesta comparação está a consideração da violência no Brasil como uma gripe. Aparato de segurança e leis mais rígidas são antitérmicos. Alivia e não resolve a questão da violência.

Enquanto não se criar um tratamento adequado a violência, nada se resolve. Tudo se adia, se empurra com a barriga.

O mau exemplo do tráfico

Veja o tráfico de drogas, os entorpecentes mais pesados e de maior lucratividade são adquiridos pelos mais ricos. Eles são os principais consumidores de drogas. O tráfico trabalha para eles. Para atender sua demanda.

Para exercer a estrutura de produção e comércio ilegal, o arregimentado é o mais pobre. Se temos um grau de violência significativo praticado pelos mais pobres que compram drogas, como combater a violência?

Lembre-se que os crimes contra pessoas e patrimônio, assim como o desgaste das estruturas públicas, hospitais e aparato de segurança, consomem bilhões de reais por ano. O prejuízo é grande para combater a violência e o tráfico.

O problema não é de fácil solução. O que não se pode é ficar remediando, camuflando o problema.

São necessárias pesquisas profundas sobre os fatores sociais e econômicas que geram o ambiente para a proliferação do tráfico. A partir destes dados se tomar uma providência racional e lógica, para com medidas sensacionalistas, pirotécnicas e populescas.

Para se combater a violência é necessário racionalidade e ação assertiva, como tudo na vida, e não de bravatas, gritos, apelos morais de superficialidade, fáceis de entender e sem qualquer fundamento lógico.

Não se resolve problemas reais com fantasias morais. Eficiência na gestão da vida pública ou privada é conhecimento científico, profundidade de compreensão e responsabilidade de ação, o que falta, e muito, neste país. 

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